Eliesio Marinho da Silva é o nome do empresário preso temporariamente nesta segunda-feira (23.10.23) em razão do inquérito que investiga a morte de Kamila Carvalho do Nascimento, de 22 anos. Os dois viviam juntos até que ela foi encontrada sem vida na madrugada de sexta-feira (20), nua, com uma faca na mão e uma pistola ao lado do corpo.

A princípio, suspeitava-se de suicídio, versão dada pelo próprio marido, porém o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), mais especificamente o Núcleo de Feminicídio, sob o comando da delegado Nathália Figueiredo, representou pela prisão de Eliesio por encontrar inconsistências no depoimento e cena do crime.

Ao ser preso e conduzido ao DHPP pela própria delegada, o suspeito curou em frente às câmeras da Imprensa. Quando Kamilla morreu, Eliesio não foi encontrado no local. Ele acionou seu advogado, que ligou para a Polícia. Nem mesmo os profissionais do SAMU foram chamados para socorrer a vítima.

Veja abaixo entrevista com a delegado do caso.

O que ocasionou a prisão do empresário?

Na verdade, o fato aconteceu sexta-feira, na madrugada, foi realizada a perícia, estamos ainda no aguardo dos laudos, porém, existem algumas inconsistências, certo? Então, através da análise do laudo cadavérico, mostrou-se que o disparo que vitimou a vítima veio a longa distância, então não se enquadrou muito com a tese que veio do companheiro dela, que estava somente ela e a filha do casal, de cerca de 3 anos, que ela teria ceifado a própria vida. Eu reitero que é uma prisão temporária, ou seja, tem um viés investigativo, alguns pontos ainda tem que ser esclarecidos, estamos na guarda do Laudo de local de crime, temos 30 dias para finalizar o inquérito, pode haver a possibilidade de prorrogação e as diligências vão ser dar seguimento.

O que a senhora quer dizer, delegada, é que tiro de longa distância não condiz com uma pessoa que tira a própria vida com uma arma de fogo?

Exato, segundo o Laudo, ele não apresenta algumas características de um disparo a curta distância, segundo o Laudo teria sido um disparo realizado a cerca de 40 centímetros, então a gente não vê muito sentido um disparo realizado pela própria vítima, algumas coisas foram trazidas também em relação a questão da arma travada que foi encontrada no local, são pontos que tem que ser esclarecidos, como existiu essa suspeição em relação ao companheiro da vítima, nós representamos pela prisão temporária e demos o cumprimento agora pela manhã.

E ele justificou a evasão lá do local?

Bem, ele disse que estava muito nervoso, que foi uma situação bastante traumática, não chegou a acionar o SAMU, mas acionou o advogado, tanto que no local quando a polícia chegou ele não se encontrava, o advogado já se encontrava no local, são alguns pontos que a gente precisa ainda esclarecer para fechar o inquérito e estar a contento.

Ele consignou essa situação de que a arma poderia ter sido travada pela guarnição da polícia militar que compareceu ao local?

Bem, no momento quando ele foi ouvido, ele disse que não presenciou esse fato, foi a ele relatado, então é um ponto que a gente ainda vai esclarecer, inclusive, a oitiva dos policiais é muito importante nesse sentido, essa informação eu não tenho como te dar com certeza até porque outras pessoas ainda vão ser ouvidas.

Ele disse que ela se suicidou, quais foram os momentos anteriores ao fato a vítima estava sem roupa, o que é que houve nesse sentido? Ele não narra a questão de um conflito anterior com a vítima, certo?

A gente não pode entrar muito em detalhe em relação a isso, porque o inquérito ainda está atuando, então algumas pessoas ainda vão ser ouvidas. Então, para evitar qualquer juízo de valor prematuro, nós vamos deixar essa questão das diligências ainda serem realizadas e a gente trazer mais informações para vocês.

Ele confirma que a arma é dele, delegada? É registrada?

A arma não é registrada no nome dele, mas ele afirma que a arma era de uso dele.

Ela tinha acesso?

Segundo ele, ele não nos mostrou… Ela tinha conhecimento do local onde a arma é poderia estar, mas não era uma pessoa que manuseava a arma. Então, nos deu até, inclusive, a entender que não era uma pessoa que tinha intimidade com a arma de fogo. Certo. Eu creio que é exame também para verificar se há algum digital na arma, alguma coisa que possa verificar…