O adolescente Jorge Gabriel Lima de Carvalho, de 14 anos, que foi sequestrado na noite de quinta-feira (26), no município de Monsenhor Gil, no Piauí, falou pela primeira vez sobre os momentos de terror vividos no cativeiro. Em entrevista nesta sexta-feira (27), ele descreveu com simplicidade, mas com firmeza, os detalhes da ação criminosa e sua tentativa de fuga.

Jorge relatou que foi surpreendido por quatro criminosos enquanto retornava para casa de bicicleta, nas imediações da BR-316. “Eles só pegaram e me botaram dentro do carro. Ainda tentei sair, só que era muito. Era quatro”, contou o garoto, que mesmo sob ameaça, teve coragem de reagir: “Me falaram que acertei um murro no olho de um e mordi o outro. Só que não deu.”

O jovem também revelou que os sequestradores sabiam informações detalhadas sobre sua rotina. “Falaram que já sabiam tudo de mim, de onde eu estudava, de onde eu morava. Só um deles me conhecia, o nome dele é Vitor”, relatou.

Durante o período em que esteve em poder dos criminosos, Jorge disse que teve os olhos parcialmente vendados. “Eles botavam um pano assim, eu só tinha uma visão de frente, nem de lado dava pra ver. Pra não saber o caminho”, explicou.

Apesar do medo, o adolescente demonstrou tranquilidade na maior parte do tempo em que esteve no cativeiro, na zona rural entre Nazária e Demerval Lobão. “Dormi lá pelas duas ou três da manhã. Só fiquei com medo quando disseram que estavam cavando uma cova”, afirmou, ao mencionar a tensão no momento em que pensou que poderia ser executado.

Os criminosos exigiram R$ 250 mil para a liberação do garoto, mas o pai da vítima, o empresário Almerindo Carvalho, afirmou que não havia possibilidade de pagar via Pix, apenas em espécie. A negociação foi acompanhada de perto pelo setor de inteligência da Polícia Civil, o que possibilitou a localização e resgate de Jorge.

A operação de resgate foi realizada por forças integradas da Segurança Pública do Piauí, que localizaram o cativeiro ainda na tarde de sexta-feira.

A Polícia Civil segue com as investigações para apurar a participação de outros envolvidos.